quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Insomania

Já é hora de dormir pensou, num daqueles dias em que se reluta em ir a cama sabendo da insónia que espera.
Meia Noite e vinte, me restam 6 horas e 40 minutos antes do despertador, menos que as 8 que me dizem necessárias, e bem menos das 9 e meia que eu julgo suficiente. Reconstruiu cada aspecto de um dia longo porem pouco produtivo, discussões, tentativas, arranjos, negociações e esperanças...na maior parte dos casos, revezes. Cabeça em parafuso, afundada no travesseiro, tentativa de racionalização dos fatos, e a certeza de nada que o afetava realmente importava, não importa, a insónia e a sensação de uma pedra embaixo da peruca tornavam as cobertas, sempre aconchegantes, pesadas,e o travesseiro, hora muito alto, hora muito baixo. Porque tem dias que é mais difícil dormir? Não faz sentido, acordei cedo, resolvi coisas, banalidades me incomodam, como posso permitir? Qual a blindagem pra se proteger de coisas que não tenho absolutamente nenhum controle? A soberania do espírito existe longe da solidão e da alienação social? Queria ser fumante agora, assim ao menos poderia levantar da cama e fumar um cigarro, vou beber agua então, foda, daqui a pouco vou querer mijar, ai que nao durmo mesmo, e agora ja devem ser mais de uma, menos de 6 horas de sono, foda-se a aula de amanha cedo...Queria me livrar de todas as coisas supérfluas e inúteis, me dedicar àquilo que realmente importa...mas é tão difícil , a começar por escolher o que importa. A sensação de um que uma bigorna repousava sobre sua cabeça permanecia, resoluções se faziam necessárias...mas não era aquilo que esperava ao deitar na sua cama, queria afundar rapidamente num sono tranquilo. Grande coisa se tudo nao correu como planejado, tentou mais uma vez explicar pra si mesmo, o que importa é que podemos dar um novo fim, aquele papo, pensamento vicioso espiral. Chega, vou me levantar da cama, distrair esse porongo lunático até meus olhos começarem a fechar, ai me arrasto pra cama e pronto, com a lucidez típica das manhãs coloco tudo em ordem, dentro da minha cabeça e fora dela. 2 da manhã, bom foda-se, a aula já era mesmo, mas ainda tenho que salvar a manhã, sem ela, sem lucidez. Diante de uma tela de computador, sem sequer ideias do que pesquisar, sem vontade de conversar com quem quer que seja, decide escrever, compartilhar com o nada uma breve e leviana agonia, reconhecer nas linhas escritas por ele mesmo o quão vã é a sua inconformidade, e tirar o um prego da caixa craniana, não com argumentos discutidos com a alma, mas com um sorriso, tardio mas nem tanto, de quem venceu a confusão com um passo de dança.