terça-feira, 10 de novembro de 2009

Na calada.

Estava calmo como de costume, porém sentia alguma coisa estranha no ar. Subia as escadas daquele velho prédio ciente de sua obrigação, já fizera daquilo um ato corriqueiro e não esboçava nenhuma afobação ou receio. Chegou à porta do Apto. 33, não estava trancada. Girou a maçaneta silenciosamente, um infeliz dormia numa cadeira junto a uma escrivaninha, e um radio tocava Johnny Cash, Bridge Over Troubled Water, ele não gostava dessa. Encostou a porta a suas costas, verificou que o sujeito da cadeira dormia profundamente e havia adormecido sem terminar o whisky servido, aumentou o volume, tomou o whisky do copo , acendeu um cigarro apagado do cinzeiro, serviu outra dose, pegou mais três cigarros de dentro do maço, bebeu seu trago, baixou o volume e calmamente deixou o apartamento.
Fazia meses que estava a roubar a bebida e cigarros de seu vizinho, fazia disso um trabalho diário, minucioso, não podia roubar tudo de uma vez para não gerar suspeitas.
Ao deixar o apartamento, fora confirmada sua intuição, um forte mal estar e a lembrança da imagem de um estranho frasco sobre a escrivaninha, o fizeram suspeitar que as queixas de solidão e ameaças de suicídio de seu vizinho não eram em vão.

4 comentários:

Anônimo disse...

Quanto ao conteúdo e a forma como foi apresentado, o conto é envolvente, nos leva a acompanhar seu desenrrolar, mas esse foco, escolhido(suicidio) me causa estranheza.
Gosto muito mais do lado "esperto" do escritor.

L.M.C.A disse...

Nossa!Adorei a maneira com que tu escreveu, conseguiu prender atenção e nos levar até o apto.33 com mtaaa curiosidade!!!;P haiuhAIU
Ótimo!!! Beijão!

Bahia disse...

belo texto. blog lixo.

Luciano (Luti) disse...

Muito bom! Ainda mais para ler em uma sexta feira 13.. Grande abraço Babydiego